segunda-feira, 24 de maio de 2010

De carona no Cohabpel-Navegantes...



Vai começar mais um dia. No friozinho da manhã o celular desperta, quebrando o sonho que se desenhava naquele sono profundo. Ele pensa em usar o soneca do celular, mas sabe que isso seria uma atitude de risco, então abre os olhos e se prepara para mais um dia. Antes de levantar da cama tenta lembrar das coisas que tem para fazer naquele dia, mas o sono que ainda toma conta do pensamento torna essa tarefa extremamente difícil. Então se livra das cobertas com muita luta, levanta e coloca o pé no chão frio. Lembra de colocar as pantufas, pois isso iria prolongar um pouco o calor que o corpo adquiriu naquela noite embaixo das cobertas. Escolhe a roupa do dia e vai pro banho. Ao abrir a porta do quarto o frio começa a mostrar a sua cara. Entra no banheiro e vai direto fechar a janela para cortar aquele vento frio que parece congelar o nariz. Liga o chuveiro bem quente, como ele gosta. O banho parece que vai renovando e acabando com o estado de "pós sono". Sai do banho coloca a roupa escolhida, escova os dentes  e recoloca as pantufas em busca de um pouquinho mais de calor. Volta ao quarto calça os tênis, coloca a mochila nas costas e os fones no ouvido. Olha para o celular em busca da melhor música para começar o dia. Revisa os bolsos... celular, chave, carteira... tudo pronto! É hora de sair para mais um dia!
Abre a porta e descobre que o frio que sentiu ao chegar no banheiro não era tão intenso quanto parecia. O sol que brilhava no céu aquecia aquela manhã e fazia com que o dia se tornasse muito agradável. Dá um sorriso e caminha em direção ao ponto de ônibus.
Chegando lá vê alguns rostos conhecidos, aquelas pessoas que estão lá todas as manhãs. Procura um lugar no banco e senta para esperar o seu ônibus. Como vai para a faculdade espera por um ônibus em especial, que deixa mais perto da faculdade, o Cohabpel-Navegantes!
Quando ele vê o ônibus dobrando a esquina se levanta e caminha até a beira da calçada. Percebe que há outras pessoas para embarcarem. Educadamente deixa algumas pessoas passarem na sua frente. Mal sabe ele como uma atitude dessas pode marcar. Então ele entra no ônibus, o motorista alegremente cumprimenta ele: “Ae Pelotinhas!”. Ele retribui o cumprimento com um sorriso e diz: “Fala xavante!!!”, depois cumprimenta o cobrador. Ambos já se tornaram conhecidos pelos encontros diários e já eram parceiros nas discussões sobre futebol. Passa a catraca e caminha até o fundo do ônibus. Senta no último banco e começa a observar a variedade de pessoas que dividem aquele meio de transporte com ele. O mesmo ônibus que leva o estudante cheio de planos, leva o trabalhador que corre atrás do sustento e o aposentado que já cumpriu boa parte de suas metas de vida. Todos dividem o mesmo transporte, o mesmo espaço físico, os mesmos bancos, sem diferenças. No caminho até a universidade vai observado as pessoas que entram e saem. Alguns já se tornaram conhecidos, estão todos os dias lá. Ele já sabe até onde vão embarcar e descer, parecem ter uma rotina assim como a dele. No trajeto ele vê algumas pessoas conversarem animadas, outras sentando sozinhas, com cara de quem não tá afim de conversa, e ficarem observando a rua, viajando em seus pensamentos. Tudo está tranquilo até que entra um grupo de jovens de parecendo muito animado. Caminham até o fundo do ônibus assim como ele fizera e sentam ao lado dele. Conversam sem parar. Contam histórias do final de semana, falam das aulas de um tal de Cava, depois de um tal Mertins, combinam partidas de sinuca e uma roda de pagode. Uma mistura de assuntos que parece não fazer sentido para ele, mas que para aqueles jovens pareciam assuntos extremamente excitantes dada a empolgação visível nos rostos de cada um. Quando ele volta a olhar pra frente vê entrar uma mulher de cabelos crespos, aparelho nos dentes e um sorriso que deixa transparecer uma alegria e uma felicidade cativantes, ela olha na direção dele como se já o conhecesse, mas ele não a reconhece e segue observando as pessoas. Mais adiante ele vê entrar um grupo tão animado quanto o de rapazes que já estava no ônibus. Eram homens e mulheres. Todos usavam camisetas verdes com uma cruz e pareciam fazer parte de algum grupo. Estavam muito felizes e animados, faziam planos e falavam sobre uma tal gincana que estavam organizando. A cada parada novas pessoas entravam e outras saiam. Viu descer dois casais e uma menina sozinha, aparentemente muito simpática, que fazia companhia pra eles. Na parada seguinte subiu um grupo de 4 rapazes, 2 um tanto altos e 2 um pouco mais baixos, mas ainda assim mais altos que ele. Viu que vestiam uniforme e pareciam ser atletas, pensou que provavelmente eram jogadores de vôlei a julgar pelo tamanho deles.
Além desses grupos muitas outras pessoas passaram por aquele ônibus até a hora dele descer. Uma parada antes do seu destino fez um review de todas aquelas pessoas que estavam no ônibus e tentou recordar de todas que desceram. Mirou os rostos daqueles que ainda estavam no ônibus e de frente pra ele. Focou um pouco aquelas pessoas sentadas que estavam de costas. E então todos pareciam ser conhecidos. A cada pessoa que ele focava com mais atenção descobria que era alguém que ele já conhecia, alguém que já estivera naquele ônibus com ele e que um dia desceu mas hoje se reencontravam. Porém, quando se deu conta disso, já havia puxado a cordinha e estava na hora de descer. Desceu e ficou olhando o ônibus seguir seu rumo. Ficou parado na calçada olhando o ônibus sumir no horizonte. A essa altura já não prestava mais atenção na música que tocava nos fones de ouvido, não via as pessoas que cruzavam apressadas por ele. Parecia hipnotizado por aquele ônibus que, pouco a pouco, ia ficando mais distante, até ficar invisível para ele. Então respirou fundo, deu um sorriso ainda maior do que aquele na saída de casa e começou a caminhar em direção a faculdade com a certeza de que uma hora reencontraria todas aquelas pessoas, mesmo as que desceram no caminho.



Em tempo...
- o ônibus não pára. É circular e tá sempre pronto para que as pessoas embarquem nele, até mesmo aquelas que já desceram, que estão longe ou há muito tempo não passam pela catraca!
- o final de semana foi foda! Amigos, pagode, amigos, sol nascendo no Laranjal, futebol violência no sábado, roda de pagode, nova amizade e "Jogo dos Dedinhos" no Gelo, chimarrão e bate papo dominical, aquele jogo clássico de domingo e uma passadinha no Jairo pra fazer o balanço do final de semana!
- semana que vem promete ser das boas! Agora tô só pela quinta-feira! Tecnopuc e Pagode no Wong!