terça-feira, 24 de agosto de 2010

O tempo e o "ventaval"

Estava deitado na sua cama, ouviu uma voz conhecida ao longe, achou que estava sonhando, que estava ouvindo de mais, confundindo pessoas... mas não, seu ouvido não o estava enganando. Era mesmo quem ele pensava que era. Pensou em ficar calado, quietinho, curtindo sua dor de cabeça no silêncio e escuro do quarto, mas a vontade de comprovar que aquela voz era mesmo de quem ele imaginava superava qualquer necessidade de escuro e silêncio. Ainda assim ponderou diversas vezes a necessidade de tomar aquela atitude, de chamar aquela voz. Virou de lado e tentou voltar a dormir, mas foi interrompido por uma risada conhecida, gostosa e com ares de nostalgia. Foi a gota d'água. Não resistiu. Chamou a voz para que fosse até o quarto. Viu ela abrir a porta e naquele momento uma silhueta já conhecida se formou. Era aquela mulher que visitara seu sonho há alguns meses atrás. Era a mesma mulher, baixa porém o cabelo apresentava outra forma, já não era cumprido como no sonho, era repicado como de uma argentina. Sem pedir licença aquele vulto invadiu o quarto como um vento que passa por qualquer fresta. Entrou como um furacão e balançou tudo que ali havia. Todas certeza que ali habitavam foram estremecidas. Se ele não tivesse deitado talvez tivesse sido jogado longe por aquele "ventaval" que invadira seu quarto. Então quando menos esperava sentiu algo pesar sobre seu corpo. Era outro corpo, era aquele vulto que parecera um "ventaval" e agora estava ali, em cima dele. Junto com aquele corpo viu memórias virem a tona. Um bombardeio de lembranças compostas por momentos, cheiros, gostos, lugares, sons, gestos... tudo se misturava a sensação de perda das certezas feitas pelo "ventaval" que invadira seu quarto segundos antes. Era claro que aquele vulto que agora estava deitado por cima dele trouxe junto dele todas aquelas recordações. Ficou por um breve espaço de tempo longe, muito longe dali, revivendo todas aquelas recordações que estavam explodindo em sua cabeça.
Passados os primeiros segundos ele se via sentado frente a frente com aquela mulher que estivera no quadro do seu sonho. Ao mesmo tempo que aquela cena surpreendia ele, ela parecia ser tão familiar que o deixava a vontade para falar de tudo, ou quase tudo. Conversaram, riram e brincaram. Ela voltou algumas vezes ao quarto antes de ir embora e cada vez que a porta se abria, mais uma vez repetia-se a sensação de perder as certezas e viajar num mar sem fim de memórias, como aqueles mares azuis do litoral de Santa Catarina... Na última vez que se viram se despediram, e aquele abraço trouxe a tona mais um milhão de recordações, sensações e sentimentos. Coisas que ele não soube entender, e muito menos saberia explicar. Depois daquele abraço tentou dormir novamente... sem sucesso...





Em tempo:
- Semanas de conflito interno.
- Emoção x razão
- Razão x emoção
- Trabalho tá bem divertido e com novas possibilidades!
- Decepção do futebol é foda... mas hoje tem mais!
- Exercícios físicos renovam a pessoa.
- Seria hora de buscar novos(velhos) rumos?
- "E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar..."