terça-feira, 29 de junho de 2010

Questão de Temperatura

"Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente.
Oxalá fosses frio ou quente!
Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te."


Desde meus tempos mais ativos dentro da Igreja esta sempre foi uma passagem que sempre me chamou a atenção. Talvez por eu ter abraçado a causa com tanta vontade me incomodava ver aquelas pessoas que não faziam porra nenhuma. Não ajudavam, mas não saiam fora. Ficavam ali paradas com cara de paisagem, prontas para ganhar parabéns pelos feitos dos outros. Com o passar dos tempos fui vendo que aquilo que me incomodava dentro da igreja também existia fora dela, e muito! A cada dia deparava-me com novas situações onde eu deveria escolher a minha posição diante do que me era apresentado. A cada nova situação era hora de escolher se ia pra dentro ou não,  mas nunca gostei de ficar morno ao que acontecia, ao que me era apresentado. Não serei cara de pau de dizer que sempre tive uma decisão certa, que nunca fui morno. Mas as vezes em que fui foram incômodas. Ser morno é algo que não me cai bem, pra mim é como comer comida morna, aquela comida que não está bem quente, mas ao mesmo tempo não nos faz querer levantar para aquecer e acaba descendo aos trancos e barrancos. Quando se é morno tudo na vida se torna um dilema, nunca sabemos para que lado correr. Sempre olhamos os dois lados da moeda e não sabemos qual escolher. Ser morno é como aquele jogo que morre no empate, quando o que mais se quer é uma vitória.
Nos últimos tempos descobri que estava em crise com minha fé. Me deparei com uma situação jamais esperada por mim. Me vi sendo morno na fé e nas minhas obras. Abandonei minhas coisas, mas ao mesmo tempo não avisei ninguém. Não tive coragem de ser efetivamente frio e ao mesmo tempo já não era mais quente como eu outros tempos. Estava me tornando morno, como jamais quisera ser. Entrei em conflito. Não sabia pra onde correr. Queria ter coragem de me tornar frio na fé, esquecer as coisas que me nortearam a vida nos últimos dez anos e correr em busca de novas aventuras, novas experiências, novos sabores, novos lugares, novas companhias. Ao mesmo tempo buscava nas recordações do passado motivação para voltar a ser aquele que um dia correu e lutou pela fé, por um sentido maior do que qualquer outro pra vida. Ao mesmo tempo que queria experimentar coisas novas, não queria deixar de ser quem eu era. Não tinha coragem de dar aquele salto rumo ao desconhecido pois achava que esse salto seria determinante para encerrar um ciclo na vida e começar outro. Não via possibilidade de levar as experiências do passado para o novo. Precisei então de alguém para abrir meus olhos, para me mostrar que nem sempre o novo significa abandono total do passado. Embora enfrentar o novo signifique mudanças e readaptações na vida, jamais falou-se em abandonar por completo as experiências do passado. Na verdade essas experiências que um dia nos deram segurança e força devem servir de impulso para o novo. Então a partir dai resolvi encarar o novo com outros olhos. O que me dava medo já não era tão assustador. Havia sim uma possibilidade de experimentar muitas coisas sem perder a essência, poderia voltar ser quente com tudo que estava acontecendo na minha vida. Não precisava deixar tudo esfriar, e muito menos seguir morno. Podia sim voltar a ser quente e reencontrar minha fé.
Mas não só na fé me darei com tal situação. Novidades apareceram e sumiram, precisei então escolher entre ser frio, quente ou morno ali também. Mais um momento perdido, mais um tempo pra escolher entre o calor ou o frio, mas nem pensar em ser morno. É claro que tive que ser morno na hora de tomar a decisão, mas assim que pude pesar fatos vi que deveria ser quente. Acho que esse meu temperamento sangüíneo (vide 'quem sou eu'), com o qual tenho a prendido a conviver pouco a pouco me faz querer ser sempre quente nas minhas escolhas. Encarar as coisas até o fim. E saber que quando chegou o fim, foi fim. Saber identificar o fim das coisas também tem me ajudado a não ser morno. Saber que se é quente ou frio enquanto dá, porém sempre pode chegar uma hora em que se tenha de mudar a postura. O que era quente pode se tornar frio, o frio se tornar quente e até mesmo corremos o risco nos tornar mornos sem perceber.
Nessas idas e vindas, voltas e reviravoltas, nos giros da vida, vamos aprendendo a filtrar as emoções e deixar a razão guiar um pouco do que queremos ser e de como queremos agir nas nossas escolhas. Embora a emoção seja fator de grande influência no nosso estado, as vezes se torna necessário racionalizarmos as coisas afim de fazermos a melhor escolha entre o quente, o frio e o morno. Com a razão em ordem temos menos chances de nos arrependermos, de voltarmos ao morno depois de optarmos pelo quente ou pelo frio. A impulsividade muitas vezes me levou pra lados errados, escolhi ser frio quando deveria ser quente, quente quando deveria ser frio. Foi assim que aos poucos vou aprendendo que uma boa dose de razão não mata ninguém. Alguém por muito tempo me ajudou a aprender sobre isso, me ensinou a ver as coisas com os olhos da razão junto aos da emoção. Infelizmente essa pessoa não pode desfrutar das coisas que me ensinou. Ficou com as lembranças de alguém impulsivo, que não admitia se quer passar pelo morno, era quente ou frio, 8 ou 80, sem pesar os fatos. Hoje, cada vez que analiso uma situação e vejo que tomei uma decisão pensada lembro dela e sei que ficaria feliz de me ver assim. Sabendo escolher entre o quente e o frio não por um impulso, não só pela emoção, mas com boas doses de razão! É assim que tenho conseguido resolver meus dilemas colocados desde início deste post e que com certeza não vão parar por aqui.


Bruna (representando ART!) - me tirando da "mornidão"

Em tempo:
- Patrick repunou o desafio na sinuca hoje depois do show que o Gio10 levou!
- Em tempos de crise existencial se destaca o apoio das velhas amizades!
- Twitter é um vício desgraçado...
- Bandinha de skt no domingo me fez recordar velhos tempos!
- Coisas mal resolvidas?
- Um salve pro pessoal do ART!
- no som toca Teatro Mágico - Sobra Tanta Falta


- DICA DE LEITURA: http://janainabmachado.blogspot.com/