terça-feira, 6 de abril de 2010

A arte da sinuca...

Como pode um jogo aparentemente tão simples esconder tantos segredos? Ser tão estratégico? 
Em uma primeira análise, a coisa é muito simples, arrumar as bolinhas em forma de triângulo, pegar a branca e estourar aquele amontoado de bolas pra ver a primeira que vai cair. Depois que a primeira cair, cada um busca derrubar suas 7 bolas e no final fazer a bola 8. Pronto! Fez as 7 e a 8 no final, acabou!
Ah... se fosse simples assim... quantas vezes vi jogos serem mudados por uma tacada errada. Jogadores que estavam pela bola 8 e deixaram o jogo ser virado por alguém que ainda estava com 5, 6 ou 7 bolas na mesa. Uma tacada errada pode ser o suficiente para determinar a virada do jogo, o que era fácil, o jogo que estava ganho torna-se uma briga a cada tacada. Isso muitas vezes acontece quando quem está com o jogo na mão não pensa nas conseqüências da sua próxima tacada, simplesmente pega o taco olha pra bola e joga, sem mirar, sem pensar, sem analisar a jogada e suas conseqüências. Então quando a bola branca para de correr ele vê que além de não derrubar a bola que queria, ainda armou o jogo pro adversário, deixou 1, 2, 3 bolas na boca... a espera das tacadas que vão virar o jogo e mudar aquela partida que estava ganha. E o que estava ganhando começa a ver as bolas do adversário cairem, uma a uma, e o jogo indo pra um empate, até que ficam os dois pela bola 8 e ai amigo... é copa do mundo, é teste pra cardíaco! O jogo torna-se arriscado, ninguém quer entregar a bola 8. Aquele que estava ganhando não quer repetir o erro, aquele que estava perdendo quer coroar sua recuperação com a vitória. Então as tacadas se arrastam por 5, 10, 15min... e a bola 8 parece teimar em não querer cair. Então aquele que estava ganhando o jogo olha pra mesa e vê que o jogo que estava fácil foi dificultado por ele mesmo, que ele está correndo o risco de perder o jogo pra ele mesmo. Chega então a vez dele jogar novamente, o olhar muda, ele fixa o olho na bola branca e depois corre até a bola 8. Busca então qual caçapa será melhor tentar. Fica naquele correr de olhos por vários segundos, segundos que parecem horas. Depois de decidir onde vai jogar precisa analisar a força da tacada e o ângulo a ser dado no taco para que a bola branca bata naquele ponto exato, naquele ponto que vai jogar a bola 8 pra dentro da caçapa e o jogo vai acabar! Então ele respira fundo, sabendo que tem nas mãos a recuperação do jogo que estava nas mãos há alguns minutos atrás. Não dá pra esperar mais, é hora de jogar! O taco bate na bola branca... ela corre vagarosamente em direção a bola 8. Todos que acompanhavam a partida param... alguns dizem que ele nunca errou daquela distância... outros dizem que confiam no seu potencial... outros tantos dizem que ele não vai conseguir recuperar a partida... enquanto todos falam ele mira a bola que corre no tecido verde... os olhos acompanham cada milímetro da trajetória percorrida pela bola em direção a bola 8 que agora parece estar pedindo pra cair. Elas se encontram, a bola branca bate caprichosamente na bola 8, até então está tudo correndo como planejado, nem uma curva inesperada, nem um desvio de percurso, parece que vai dar tudo certo. Mas a bola 8 muitas vezes parece que tem vida própria, e mesmo com a tacada mais perfeita ela pode não cair... agora todos os olhos estão fixos nela, querendo saber onde ela vai parar. Se ela vai sumir, engolida pela caçapa esperada e o jogo vai acabar, ou se ela vai, mais uma vez, parar na boca a espera da próxima tacada...