sexta-feira, 9 de abril de 2010

Noite Especial II

16 horas e 30 minutos, chego à Boca do Lobo e aquele silêncio que se fazia presente ali pela manhã já não está mais, foi substituído pelas conversas dos torcedores que pouco a pouco iam chegando para embarcar rumo a Porto Alegre. Na maioria das conversas sempre os mesmos argumentos, as mesmas opiniões e até mesmo as mesmas palavras, algo como "É difícil, mas acho que dá!". Alguns poucos se mostravam 100% certos de que iríamos classificar. A desconfiança tinha motivo, e não era o time do Pelotas, mas sim o adversário. Iríamos encarar um Grêmio embalado por 15 vitórias consecutivas e 51 jogos invictos no Olímpico. Encontrei alguns conhecidos, troquei algumas palavras, uns desejos de sorte e fui para meu ônibus que saia do lado da praça e não da frente da Boca.
Chegando no ônibus tive a primeira boa notícia. Não viajaria sozinho, tinha um conhecido no ônibus, o filho do organizador, um conhecido de jogo que hoje já era um amigo e colega da faculdade, quer dizer, colega não, bixo! Ele teve a feliz idéia de reservar o meu lugar junto com ele e isso foi bom porque até então eu iria sozinho, eu e Deus, e de programas sozinho tô legal, já esgotei a cota no show. Entrei no ônibus pra largar minha mochila e encontrei vários conhecidos de outras viagens com o Pelotas, muitos deles sofreram junto comigo todas as dificuldades da segundona e traziam no olhar uma certeza e uma esperança. A certeza de que estamos no nosso lugar e a esperança de escrever mais um capítulo na história do futebol gaúcho. Alguns cumprimentos, umas piadas, uns palpites e cheguei ao meu lugar. Larguei minha mochila e voltei para rua pra pegar mais um ar antes de começar a viagem. Nessa altura dos acontecimentos eu já estava envolvido por uma nuvem de otimismo e, ao mesmo tempo, aumentará a minha tensão e ansiedade.
Motor ligado, porta fechada, chamada feita, começou a viagem! Um pouco de conversa sobre a faculdade, namoro, ex-namoro, amigos, festas e então futebol. E ai nenhum outro assunto teve espaço. Horas de conversa sobre futebol, do gauchão ao futebol europeu, daquele Pelotas e Grêmio até a excursão pela Europa. Sonhando com a classificação, fazendo contas de cabeça sobre a série D, recordando viagens passadas, derrotas, vitórias, brigas, pedradas... enfim várias viagens dentro de outra viagem!
Até o paradouro o tempo passou rápido, depois, conforme a hora do jogo foi se aproximando parecia que tinham colocado o ônibus e o relógio em câmera lenta. As horas custavam a passar e Porto Alegre estava mais longe que o normal.
Quando finalmente avistamos Porto Alegre meus pensamentos fugiram um pouco do futebol, recordei minhas últimas idas até a capital e como tenho boas recordações daquela cidade que até bem poucos anos não me atraía nem um pouco. Foram alguns minutos mergulhado em recordações que elevaram meus pensamentos, que me deixaram feliz pois eram todas boas e aquilo me motivou. Se até então só tinha boas recordações, por que não ter mais uma noite especial em Porto Alegre?
Meus pensamentos foram interrompidos por uma proposta do Granada. "- Vamos fazer um bolão do resultado?". Aceitei na hora e cravei 2x1 pro Pelotas. Ele foi mais otimista que eu, apostou 3x1 pro Lobão. Valendo 2 pila fechamos o bolão!
Chegamos no Olímpico pelo lado errado, o motora entrou errado e tivemos que esperar a escolta da Brigada para que nos levassem até o portão 17. Descemos do ônibus e fomos comprar os ingressos para nos dirigirmos até as cadeiras superiores, local destinado a nossa torcida. Até então tudo normal. Ingresso na mão direita, bandeira na mão esquerda e passos firmes até a escada pra arquibancada. Mas tava tudo muito bom pra ser verdade, quando fui passar na revista o seu puliça chamou o comandante. "Bandeira, só até 2m não é?". Puta que pariu! Só faltava essa, não me deixarem entrar com a minha bandeira. O puliça me olhou e, educadamente (parece mentira), pediu para eu aguardar ao lado. Então falei com o comandante e ele pediu pra abrir a bandeira, perguntou o tamanho e no final me liberou depois da singela frase: "Se tu resolver botar fora essa bandeira eu te capo!". Bom, a bandeira tá bem guardada na minha mochila!
Entramos no estádio no momento em que era anunciada a escalação do aureo-cerúleo! A cada nome dito no sistema som, aplausos e gritos de incentivo! Olhei pro lado e encontrei o Porto, meu amigo de viagens, que hoje reside em Camaquã. Tinha certeza que encontraria ele por lá afinal ele é daqueles loucos como eu, que não eprderia a chance de fazer parte da história que seria escrita naquela noite!
Times em campo, bola no circulo central, vai começar a partida...




continua na hora da aula...


//mais um texto sem ser revisado pela falta de tempo. :/